DEUS CRIOU O MAL ?

 DEUS CRIOU O MAL ?




INTRODUÇÃO


A questão sobre se Deus criou ou não o mal é um dos grandes debates da teologia e da filosofia.


Durante a história da igreja e secular, muitas perguntas foram feitas por Filósofos e Teólogos sobre como o mal surgiu.


Esse artigo vai tentar desvendar alguns tópicos sobre a origem do mal sem defender nenhum ponto de vista específico.


Existem vários pontos de vista sobre a questão da “origem do mal”


Eis alguns pontos de vista sobre o assunto:


1) Deus criou o mal, pois o mesmo faz parte do plano soberano de Deus.


Deus é soberano sobre tudo, inclusive o mal e, dessa forma o mal faz parte do decreto divino eterno, embora Deus não peque nem seja moralmente responsável.


Portanto, Deus ordena tudo, inclusive o mal, para cumprir Seus propósitos.


2) O mal existe como uma ferramenta usada para revelar o bem maior como a graça, a justiça e a misericórdia.


O mal é necessário para que o bem fosse plenamente conhecido e apreciado.


Portanto, Deus criou todas as coisas, inclusive a possibilidade do mal.


3) O mal não é uma substância, mas uma deficiência ou ausência do bem que Deus permite e, portanto cria o mesmo indiretamente.


Deus criou seres com livre-arbítrio, sabendo que isso permitiria o mal.


Neste sentido, Ele criou o mal ao criar um mundo onde o mal poderia surgir, mesmo que indiretamente.


4) O mal não é algo criado, mas a falta ou ausência do bem.


Assim como a escuridão é ausência de luz, o mal é ausência de Deus.


Deus criou tudo bom (Gênesis 1), mas o mal entrou com a rebelião das criaturas.


5) Deus deu liberdade às criaturas morais, isto é, os anjos e os  humanos e, eventualmente o

Mal surgiu quando essas criaturas usaram mal sua liberdade.


Portanto, Deus não criou o mal, mas criou a liberdade, que é boa e o mal veio do abuso dessa liberdade.


6) O mal é uma oposição a Deus, surgida fora da vontade divina e, dessa forma Deus permite o mal, mas não o determina nem o deseja.


O mal existe por causa de escolhas livres e contingentes e Deus luta contra o mal junto com as criaturas, sofrendo com elas e redimindo a criação.


1. ENTENDENDO O TERMO “TEODICÉIA”.


Se Deus é absolutamente bom, e isso todo cristão acredita, então como explicar a existência do mal.


Se Deus criou tudo a partir do nada, então a lógica mais evidente é que Deus é o responsável em promover a origem do mal.


O Teísmo clássico afirma que o mal existe, pois Deus não criou o mal e sim capacitou que o mesmo pudesse se originar através das criaturas que Deus criou mas, para não afirmar que Deus criou o mal, temos que entender o termo Teodicéia, que é uma palavra técnica usado para o estudo da existência do mal diante de um Deus bondoso que criou todo o universo.


Teodicéia está relacionado com a justificação da bondade de Deus em face ao mal que existe no universo.


Dessa forma, Teodicéia se relaciona a tentativa de explicar de forma lógica a existência do mal em um universo criado por um Deus totalmente justo.


Se o mal é uma possibilidade de existência através das coisas boas que Deus fez a partir do nada, isso leva a ideia que Deus não criou o mal, e sim possibilitou a sua possível existência através das coisas boas que Deus criou.


2. O MAL SURGIU ATRAVÉS DOS ANJOS.


Quando Deus criou os seres celestiais, Ele promoveu e não criou uma possível possibilidade de que o mal pudesse se originar das coisas boas que Ele criou que, nesse caso,  antes da rebelião de Satanás seriam os Anjos.


Com a queda dos anjos, a possibilidade do mal passou a vigorar a partir da queda desses seres.


Se Deus é absolutamente justo e perfeito e Ele criou somente criaturas perfeitas, pois Satanás e os demais anjos eram perfeitos e, com a queda de certos grupos de anjos o mal como uma possibilidade passou a existir.


Dessa forma, um anjo ou um grupo de anjos que eram perfeitos causou o mal através de suas escolhas pessoais ou de sua livre vontade.


Deus é bom e criou criaturas boas que, nesse caso, são os anjos e, através desses seres celestiais o mal entrou no mundo e, obviamente Deus não criou o mal e sim possibilitou sua possível existência.


3. DEUS POSSIBILITOU OU CRIOU O MAL ?


Vimos no capítulo anterior que os Anjos, através de sua livre vontade promoveram a entrada do mal no universo ao se rebelar contra Deus.


Dessa forma, Deus é o responsável e não o criador por tornar o mal possível, mas os anjos com sua livre escolha são os responsáveis por promover a entrada do mal no mundo.


Por outro lado, existe a tese de que Deus não possibilitou a existência do mal no mundo, e sim que Ele criou o mal.


Os pecados naturais existentes na vida do ser humano só é possível através de duas formas:

Ou Deus possibilitou a existência do mal ou Deus diretamente criou o mal.


Levando em consideração que os Anjos promoveram o mal muito tempo antes da humanidade existir, isso leva a questão crucial em tentar entender se Deus possibilitou ou criou o mal.


Em relação ao mal sobre os humanos e, levando em consideração que quando nos referimos aos humanos não estamos relatando a origem do mal, pois o mesmo já existia bem antes da existência humana.


A ideia que segue é que os que são contra o movimento que Deus criou o mal afirmam que um mundo criado por Deus não permitiria a existência do mal.


Sendo assim, os que defendem a ideia que Deus criou o mal deve fornecer uma justificativa aceitável para a existência do mal no universo.


4. DEUS CRIOU E NÃO POSSIBILITOU O MAL ?


Em Gn 1.31 é relatado que a criação que Deus fez era “muito bom”, porém essa criação que Deus fez serve para pessoas para receber recompensas a serem adquiridas na glorificação.


Essas recompensas só é possível através do teste a exposição ao mal.


Dessa forma, Deus permite que a humanidade seja exposta ao mal.


Sem esse teste, não teríamos as recompensas de forma perfeita e permanente, pois sem o mal não existiria recompensa, e eventualmente não teríamos a necessidade da glorificação no paraíso.


A glorificação futura é perfeita, pois o mal nunca existirá nela.


Se os seres humanos não forem testados pela atração mais irresistível do mal as recompensas na glorificação não podem ser adquiridos de forma permanente.


É digno de nota que Deus criou Adão e Eva com livre arbítrio, isto é, vontade própria em realizar escolhas.


O livre arbítrio deu a possibilidade de que Adão e Eva fossem testados.


Deus permitiu que Satanás testasse Adão e Eva.


Ao permitir a Satanás a oportunidade de enganar Adão e Eva, Deus da mesma forma permite que cada pessoa enfrente o mais difícil de todos os testes possíveis.


Portanto, a criação ao qual fazemos parte foi projetada para a realização dos planos de Deus que é a glorificação no paraíso dos salvos em Cristo.


Levando todas essas questões em consideração, podemos subjetivamente e não objetivamente afirmar que Deus criou o mal para um propósito maior ou, talvez possibilitou a existência do mal para os mesmos propósitos que é a glorificação dos salvos no paraíso.


5. INTERPRETANDO ISAÍAS 45.7 A LUZ DA BÍBLIA. 


O texto de Isaías 45.7diz:


“Eu formo a luz e crio as trevas, faço a paz e crio o mal; eu, o Senhor, faço todas estas coisas.”


Esse versículo tem sido motivo de discussão, especialmente a expressão “crio o mal” (hebraico – “RA”), pois parece contradizer a santidade e bondade de Deus. 


As principais interpretações de Isaías 45.7 são:


1) O termo hebraico “RA” tem um significado amplo, pois pode significar mal moral, desgraça, calamidade, sofrimento, juízo ou aflição.


O paralelismo do verso, isto é, “formo a luz e crio as trevas” e “faço a paz e crio o mal”

Mostra uma oposição natural/física (luz–trevas) e histórica/social (paz–mal).


No contexto de Isaías 45, Deus está falando ao rei Ciro da Pérsia (Is 45.1), usado por Deus para trazer libertação a Israel e juízo às nações.


Dessa forma, o hebraico “Ra” se refere a calamidades ou juízos divinos, não ao pecado moral


2) O “mal” é uma consequência do pecado humano permitido por Deus, pois Isaías 45.7 mostra Deus como causador final, mas não direto de realidades como o “mal”.


Isaías 45.7 através do hebraico “RA” pode incluir resultados do pecado humano como guerras e doenças que Deus permite ou entrega como parte de Seu juízo.


O texto dentro do contexto de Isaías 45 promove a ideia que Deus não é o autor do pecado, mas é soberano sobre todas as consequências dele.


O “mal” em Isaías 45.7 é o que Deus permite  para fins de correção, julgamento ou purificação sem comprometer Sua santidade e, sendo assim Deus governa sobre os efeitos do mal, sem ser autor do mal moral.


3) O”mal” é visto como mal moral criado por Deus, pois o texto de Isaías 45.7 afirma que Deus é o criador de tudo, inclusive do mal moral, como forma de demonstrar o poder absoluto de Deus.


Dessa forma, o termo Hebraico “RA” é entendido literalmente como “maldade” (mal moral), sustentando a ideia que nada existe fora da vontade criadora de Deus e, por meio dessa interpretação Deus é o criador do mal.


BIBLIOGRAFIA.


1. Luciano Nobre Frasson. Os Fundamentos da Teologia Sistemática.


2. Paul Copan (editor). Dicionário de Cristianismo e Ciência.



3. J. P. Moreland / William Lane Craig. Filosofia e Cosmovisão cristã.


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5. Norman Geisler. Enciclopédia de Apologética.


6. Louis Berkhof. Teologia Sistemática.



7. Alvin Plantinga. Deus, a liberdade e o mal.


8. John W. Wenham. O enigma do mal.



9. Charles Hodge. Teologia Sistemática.


10. Franklin Ferreira / Alan Myatt. Teologia Sistemática.



11. Peter Kreeft / Ronald K. Tacelli. Manual de defesa da Fé: Apologética Cristã.


12. Robert D. Culver. Teologia Sistemática, Bíblica e Histórica.



13. Millard J. Erickson. Teologia Sistemática.


14. Norman Geisler. Fundamentos Inabaláveis.



15. Russell Norman Chanplin. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. Volume 4.

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