PÓS-TRIBULACIONISMO NO MODELO PRÉ-MILENISMO HISTÓRICO
PÓS-TRIBULACIONISMO NO MODELO PRÉ-MILENISMO HISTÓRICO.
1. Introdução.
O estudo relatado aqui serve para entendermos as ideias relacionadas aos defensores do pós tribulaçionismo no intuito de afirmar que a Igreja como um todo não só está na tribulação como atingirá um ápice de perseguição e tribulação em um período mais próximo da segunda vinda de Cristo.
Levando em consideração que o modelo Amilenismo e o modelo Pré milenismo histórico são de fato os verdadeiros pós tribulaçionismo, a ênfase desse estudo é explicar apenas a visão adotada pelo Pré milenismo histórico.
O estudo não tem a finalidade de apresentar o desenvolvimento inicial na história da igreja do pré milenismo histórico até os dias atuais levando em contexto o pós tribulaçionismo defendido por esse modelo escatológico.
A finalidade desse estudo é apresentar o modelo pós tribulaçionismo com ênfase no pré milenismo histórico, sem desmerece qualquer outra escola escatológica.
Ao final do estudo irei citar os nomes dos principais teólogos na história da igreja que são a favor do pré milenismo histórico e, consequentemente são pós tribulaçionismo.
2. O significado da palavra "Escatologia".
A palavra "Escatologia" tem sua raíz em duas palavras gregas que são "ESCHATÔS" que significa "último" e "LOGOS" que significa "assunto", "palavra", "dissertação".
Portanto, Escatologia vem a ser o assunto das últimas coisas ou, em outras palavras, um estudo sobre os acontecimentos futuros.
Esse termo aparece em
Isaías 2.2 - " nos últimos dias" ( em Hebraico - AHARIT HAYAMIN ), tal como o Grego através da Septuaginta na qual esse mesmo termo se escreve "EN TAIS ESCHATAIS HEMERAIS" se referindo ao Antigo Testamento e em
1Pe 1.20 - "fim dos tempos" que em Grego é " ESCHATÔN TON CHRONON".
Dentro do tema Escatologia, nós temos vários tópicos abordados como a segunda vinda de Cristo, o Juízo final, a ressurreição da humanidade, o inferno, o paraíso, o arrebatamento e o Milênio.
Desses assuntos, os mais discutidos nos círculos Teològicos são o arrebatamento e o Milênio.
3. O contexto do modelo Pré milenismo histórico.
A palavra"arrebatamento" do latim "RAPTO"
significa à transladação dos corpos vivos para os ares e que na Teologia relacionado ao tema "Arrebatamento" ganhou outras definições baseado na visão adotada pelos Pré-milenistas que significa à transladação dos cristãos vivos de sua mortalidade terrena para a imortalidade no Reino de Deus e a ressurreição dos corpos corruptíveis dos cristãos para a incorruptibilidade dos corpos no Reino de Deus.
Com relação a palavra
"Milênio", o termo grego é "QUILIASMO" e significa mil anos.
A doutrina pós-tribulacionista ensina que a igreja passará pela tribulação e ao término da tribulação, os crentes vivos e os crentes mortos que serão ressuscitados serão arrebatados para estarem com Cristo reinando na terra durante o Milênio.
O arrebatamento e a segunda vinda de Cristo são acontecimentos que irão ocorrer em um único evento.
Obviamente, a igreja estará presente durante todo o período da tribulação.
Para os pós-tribulacionistas pré-milenistas Históricos, a igreja sempre esteve presente na Tribulação e, com esse entendimento, a tribulação da igreja já teve o seu comprimento na sua maior parte.
Essa escola escatológica afirma que todo o período da história da igreja é uma era de tribulação e, no tempo do fim, teremos uma tribulação mais intensa e dinâmica no globo terrestre em comparação com outras épocas da era da igreja.
4. A interpretação em Mt 24.39-41.
Em Mateus 24.39-41 diz:
"E não o perceberam, senão quando veio o dilúvio e os levou a todos, assim será também a vinda do Filho do Homem. Então, dois estarão no campo, um será tomado, e deixado o outro, duas estarão trabalhando num moinho, uma será tomada, e deixada a outra".
Nessa passagem bíblica, os pré-milenista Histórico afirmam que em momento algum é afirmado que uma das 2 pessoas citadas no texto vão estar ausentes da Tribulação, pelo contrário, apenas uma vai ser arrebatada.
O texto não afirma que essa que será arrebatada não vai passar pela tribulação.
Em outras palavras, o verso 40 enfatizam que na segunda vinda de Cristo dois estarão no campo, na qual o salvo será levado no arrebatamento e o ímpio será deixado para o juízo.
O verso 41 segue a mesma ideia em que um será salvo pelo arrebatamento enquanto que aquele que ficou para trás será julgado em determinado período da História.
Os pré-milenistas Históricos afirmam que isso vai acontecer no final da Tribulação e não antes da Tribulação.
5. A interpretação em At 14.22 e 1Ts 3.3.
Outros textos que essa escola teológica afirma estar a favor do pós-tribulacionismo conforme os pré-milenistas Históricos defendem são Atos 14.22 que diz:
" Fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé, e mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no Reino de Deus".
e a passagem de 1Tessalonicenses 3.3 que diz:
"A fim de que ninguém se inquiete com estás tribulações. Porque vós mesmos sabeis que estamos designados para isso".
Essas passagens bíblicas citadas nos mostram que a experiência normal dos santos é a tribulação dando a entender que a igreja está destinada a tribulação por toda essa era, e a igreja não tendo sido poupada de perseguição e aflição durante qualquer outro período do tempo, não será poupada da tribulação mais intensa dos últimos dias.
Em momento algum nessas passagens é citado um período de tribulação de 7 anos.
Na verdade, não existe em nenhuma passagem na Bíblia que fala de um período de tribulação de 7 anos.
Essa tribulação ocorre desde sempre e, terá uma intensidade mais visível no tempo do fim.
6. A interpretação em Mt 25.1-13.
A passagem de Mateus 25.1-13 que é a parábola das dez virgens sugere que as 5 virgens prudentes eram virgens genuínas e as outras eram virgens hipócritas, o que nos leva a conclusão de que temos 5 virgens genuínas e cristãs e 5 virgens néscias que são as ímpias.
Essa parábola das 10 virgens não está ensinando que Cristo vai arrebatar alguns membros da igreja e que irá deixar para trás outros membros que não estavam vigiando, e sim, que as 5 virgens genuínas e cristãs serão salvas e as outras 5 virgens hipócritas e ímpias serão condenadas.
Conforme os pré-milenista Históricos afirmam, em momento algum o texto afirma que a Igreja será arrebatada e muito menos que essa é a primeira de um total de duas vindas de Cristo.
Pelo contrário, é a única vinda de Cristo para arrebatar as virgens genuínas que vão fazer parte do milênio na Terra.
O arrebatamento aqui é para inaugurar o Milênio na terra e não para ficar ausente da Tribulação.
7. A interpretação em Ap 3.10.
Outro texto que vale a pena explicar é a passagem de Apocalipse 3.10 que diz:
"Porque guardaste a palavra da minha perseverança, também eu te guardarei da hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os que habitam sobre a Terra".
Essa passagem direcionada aos fiéis da igreja de Filadélfia está relacionado a promessa de que a igreja de Filadélfia será quardada na hora da provação.
A palavra "Guardaste" e
"guardarei" nessa passagem não significa que os fiéis serão tirados do mundo por meio de um arrebatamento secreto, mas apenas que serão mantidos fiéis e guardados do mal em determinado período de sofrimento e provação aqui na Terra.
Em outras palavras, os fiéis não serão arrebatados nem antes, nem na metade, e nem durante a tribulação e sim, após o término da tribulação na qual a igreja já faz parte, sendo esse um acontecimento presente e não futuro.
8. A interpretação em 2Ts 2.3-8.
Outro texto usado e explicado para a defesa do pré-milenismo histórico pós-tribulacionismo está em 2Tessalonicenses 2.3-8 que diz:
"Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a Apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição, o qual se opõe e se levanta contra tudo que se chama Deus ou é objeto de culto, a ponto de assentar-se no santuário de Deus, ostentando-se como se fosse o próprio Deus. Não vos recordais de que, ainda convosco, eu costumava dizer-vos estas coisas? E, agora, sabeis o que o detém, para que ele seja revelado somente em ocasião própria. Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém, então, será, de fato, revelado o iníquo, a quem o Senhor Jesus matará com o sopro de sua boca e o destruirá pela manifestação de sua vinda".
Os pré-tribulacionistas afirmam nessa passagem que aquele que detém o homem da iniquidade é identificado com o Espírito Santo.
Visto que o Espírito Santo habita na igreja durante essa era, remove-lo do caminho necessariamente nos leva a conclusão de que teremos o arrebatamento da igreja para fora do mundo.
Essa ideia dos pré-tribulacionistas vai contra o verdadeiro ensino dessa passagem pois o texto biblico de 2Ts 2.3-8 ensina que aquele que o detém o homem da iniquidade é o Espírito Santo, mas sua retirada não significa que teremos a remoção da igreja.
Outro detalhe relacionado a isso é que o ministério de habitação do Espírito Santo não é equivalente a sua obra de remoção da igreja, ou seja, não existe uma ligação do arrebatamento da igreja com a habitação do Espírito Santo na vida dos crentes.
Sobre esse último texto biblico, os Pré-milenistas Históricos afirmam ser a maneira mais correta de interpretar o mesmo e, obviamente, vai contra o ensino adotado pelos Dispensacionalistas que são pré-tribulacionistas.
9. Interpretando o termo grego "THYMOS" no livro de Apocalipse.
Para reforçarmos a tese pós-tribulacionista relacionado com a permanência da Igreja na tribulação, temos que entender o termo Grego
"THYMOS".
Esse termo Grego ( THYMOS ) significa um irrompimento violento da irá de Deus e, essa palavra aparece no livro de Apocalipse.
Em Ap 15.1 diz:
"...sete anjos tendo os sete últimos flagelos, pois com estes se consumou a cólera de Deus".
Já em Ap 15.7 diz:
"Então, um dos quatro seres viventes deu aos sete anjos sete taças de ouro, cheias da cólera de Deus...".
Em Ap 16.19 diz:
"E a grande cidade se dividiu em três partes, e caíram as cidades das nações. E lembrou-se Deus da grande Babilônia para dar-lhe o cálice do vinho do furor da sua irá".
Nesses três textos biblicos e, principalmente o último, entendemos que estamos nos referindo a irá de Deus contra os ímpios.
Essas passagens bíblicas estão relacionadas para o que irá ocorrer na era da Tribulação mais intensa no tempo do fim , acometendo somente os ímpios e deixando a igreja afastada da irá de Deus durante esse período de tribulação.
Em momento algum essas expressões se referem ao arrebatamento da igreja antes da cólera de Deus.
10. A interpretação em Rm 1.18, Jo 3.36 e 1Ts 5.9.
Para afirmar que a irá de Deus está destinado aos ímpios eis mais duas passagens bíblicas:
Romanos 1.18 diz :
" A irá de Deus se revela do céu contra toda impiedade e perversão dos homens que detém a Verdade pela injustiça"
A outra passagem é João 3.36 que diz:
"...quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a irá de Deus".
Essas duas passagens Bíblicas não fornecem a ideia de que a Igreja vai ser arrebatada antes da tribulação.
A prova em que a Igreja não vai passar pela fase da irá de Deus está em 1Ts 5.9 que diz:
"porque Deus não nos destinou para a irá, mas para alcançar a salvação mediante Nosso Senhor Jesus Cristo".
Portanto, a igreja constituída pelos justos, durante a tribulação não irá se deparar com a irá de Deus, mas com a irá de Satanás e dos ímpios.
11. A interpretação em 1Ts 4.16-17.
Vamos para 1Tessalonicenses 4.16-17 que diz:
"Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro, depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor".
A expressão "com eles"
no verso 17 está se referindo aos mortos em Cristo que serão ressuscitados, se referindo a passagem do verso anterior ( 1Ts 4.16 ), enquanto que a expressão "nós, os vivos", com as pessoas que irão ser arrebatadas junto com os mortos.
Aqui nesse contexto, existem na verdade dois tipos de pessoas: os mortos se referindo nesse verso (17) ao termo "eles", e os vivos na qual nesse verso ( 17 ) está direcionado para o termo "nós".
Ambos os grupos irão ser arrebatados, ou elevados ao encontro de Jesus nos ares.
Obviamente, esses são os santos que vão fazer parte da 1° ressurreição, destinados aos crentes, ou aqueles que são da Igreja como o corpo de Cristo.
Sobre esse versículo, podemos afirmar que esse encontro com o Senhor nos ares, terá o seu cumprimento após a tribulação, ou seja, a igreja estará presente durante a Tribulação.
Os pré-milenistas Históricos afirmam ser essa a interpretação mais digna em relação a essa passagem Bíblica, algo que os Dispensacionalistas não concordam.
12. Interpretando o termo grego "APANTESIS".
Vale destacar que a palavra grega
"APANTESIS" relacionado a palavra "encontro" do verso 17 (1Ts 4.17), apresenta a sua referência em outro texto biblico já citado aqui que é a parábola das 10 virgens.
Em Mateus 25.6 é relatado o seguinte:
"Mas, à meia-noite, ouviu-se um grito: Eis o noivo! sai ao seu encontro".
Nesse verso, o grito de aviso quando o noivo vem era "eis o noivo! saí ao seu encontro".
As virgens prudentes saíram ao encontro do noivo como grupos de boas-vindas, e se encontraram com ele em algum ponto fora do lugar onde a festa do casamento haveria de ser celebrada.
Em seguida, voltaram e o acompanharam para o lugar das bodas conforme o contexto de Mt 25.1-13.
Presume-se que não interromperam o avanço do noivo nem inverteram sua direção, e nem as prudentes e nem o noivo partiram para outro lugar.
Essa parábola se refere ao retorno de Cristo, e a mensagem que ela quer nos passar é de que devemos estar atentos para o retorno de Cristo para não sermos pego de surpresa.
Mas, o significado do termo Grego
"APANTESIS" ( encontro ), é de que nada no estudo dessa palavra sugere a remoção dos crentes para outro lugar por um período de 7 anos, conforme ensinam os pré-tribulacionistas, mas que a palavra
"APANTESIS" significa que Cristo voltará não para levá-los a um outro lugar, pelo contrário, Cristo juntamente com os justos imediatamente irá encontrar com eles nos ares e em seguida, retornará com eles para a Terra para inaugurar o Milênio.
13. Teólogos que defenderam a ideia do pós tribulaçionismo no contexto do pré milenismo histórico:
A. J. Gordon.
Alexander Reese.
Andrew Bonar.
Augustus Topladay.
Benjamin Keach.
Benjamin W. Newton.
Charles Wesley.
Cipriano.
C. A. Auberlen.
C. J. Ellicott.
Comodiano.
Cotton Mather.
Dave MacPherson.
Dean Alford.
D. H. Kromminga.
Douglas J. Moo.
E. B. Elliott.
Edward Bickersteth.
Edward J. Carnell.
Frederic L. Godet.
George Eldon Ladd.
George H. Fromow.
George L. Rose.
G. R. Beasley-Murray.
Harold Ockenga.
Henry Alford.
H. G. Guinness.
H. J. Raven.
Henry W. Frost.
Hipólito.
Horátius Bonar.
Irineu.
Isaac Newton.
J. Barton Payne.
Jeremiah Burroughs.
J. H. Bengel.
John Gill.
J. Sidlow Baxter.
Johann Heinrich Alsted.
Joseph Mede.
Joseph Priestley.
Justino Mártir.
Lactâncio.
Melchior Hoffmann.
Métodio.
Millard J. Erickson.
Nathaniel West.
Norman McPherson.
Oscar Cullmann.
Philip Jakob Spener.
R. A. Torrey.
Richard C. Trench.
Robert H. Gundry.
R. K. McGregor Wright.
Russell P. Shedd.
Samuel P. Tregelles.
S. H. Kellog.
Tertuliano.
Theodor Zahn.
Thomas Goodwin.
Wayne Grudem.
William Bridge.
William Twisse.
William Tyndale.
W. J. Erdman.
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Referência Bibliográfica
1) Alberto Fernando Roldán. Do Terror à Esperança: Paradigmas para uma Escatologia Integral.
2) Anthony Hoekema. A Bíblia e o Futuro.
3) Darrell L. Bock ( Editor ). O Milênio: 3 pontos de vista.
4) Franklin Ferreira / Alan Myatt. Teologia Sistemática.
5) George Eldon Ladd. Apocalipse: Introdução e Comentário.
6) H. Wayne House. Teologia Cristã em quadros.
7) J. D. Douglas ( Editor ). O Novo Dicionário da Bíblia.
8) Louis Berkhof. Teologia Sistemática.
9) Luciano Nobre Frasson. Escatologia: Teologia dos eventos finais.
10) Luciano Nobre Frasson. Os Fundamentos da Teologia Sistemática.
11) Millard J. Erickson. Escatologia: A Polêmica em torno do Milênio.
12) Millard J. Erickson. Teologia Sistemática.
13) Robert G. Close ( Editor ). Milênio: Significado e Interpretações.
14) Russell P. Shedd. A Escatologia do Novo Testamento.
15) Wayne Grudem. Teologia Sistemática.
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Luciano Nobre Frasson.
Especialização em Pregação.
Mestrado em Teologia.
Autor de 5 livros de Teologia.
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